Antônio Boaventura
@antonio.boaventura

A Copape, empresa de transformação de combustíveis, com sede no Jardim Arapongas, em Guarulhos (SP), pediu ao Judiciário nos últimos dias a retomada de suas atividades, que foram suspensas por suposta ligação com o crime organizado, em meio a Operação Cassiopeia, deflagrada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) no ano anterior.

Grupo Copape tenta na Justiça e na ANP retomar suas atividades — Crédito: Divulgação

Através de Renato Camargo, administrador da empresa, a mesma tentou anular a investigação sob alegação de que esta matéria deveria estar atrelada em âmbito federal e não estadual. Todos os recursos apresentados foram negados pelo Superior Tribunal Federal (STF), por meio, dos ministros Luís Roberto Barroso e recentemente por Flávio Dino.

Desde julho, deste ano, o combustível subiu R$ 0,12 por litro, segundo a ANP. Na Grande São Paulo é possível encontrar o litro do Etanol por R$ 3,77, em média. Já a Gasolina Comum pode chegar à até R$ 6. O período coincide com a suspensão das atividades da refinaria.

Já Jeferson Ribeiro, professor de economia, explicou, em entrevista à Rádio Bandeirantes, que vários componentes influenciam diretamente no valor pago nas bombas, entre eles o preço do barril no mercado internacional, que atualmente custa R$ 417,16, alta do dólar (R$ 5,81) e os impostos.

“A demanda por combustível no Brasil é extremamente intensa Se por acaso tivermos alguma restrição na oferta é natural que o preço possa subir por acomodação de novas empresas e o que as empresas terão de fazer por conta desta restrição do fechamento dessas refinarias”, ressaltou Ribeiro.

Ele também afirmou que não é possível descartar a baixa oferta como fator de pressão inflacionária, que registrou índice de 0,56% no mês de outubro e no acumulado dos últimos 12 meses de 4,76%.

“O fechamento pode influenciar neste replique de preço mesmo que seja num curto prazo”, declarou.

A denúncia de infiltração do PCC no mercado de combustível foi feita pelo Instituto de Combustível Legal (ICL) com o Ministério Público Estadual (MPE). De acordo com a deleção, a empresa importava gasolina A como se fosse nafta, um derivado do petróleo, necessário para produção do combustível, depois adicionam etanol, simulando a gasolina comum.

Os donos da Copape – Mohamad Mourad e Renato Camargo -, respondem como réus na Justiça por lavagem de dinheiro. A Copape, adquirida pela dupla por mais de R$ 50 milhões, também é acusada de sonegar a quantia de R$ 1,3 bilhão em ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) entre os anos de 2020 e 2021.

Em contrapartida, Lincoln Gakiya, promotor de Justiça que investiga o PCC, negou a ligação da empresa com o crime organizado.

“Não tem nenhuma investigação seja no GAECO seja em outro ramo no Ministério Público Estadual (MPE) envolvendo esta empresa. Não foram mencionadas com envolvimento junto ao PCC”, concluiu.