Sem receber da Prefeitura, ONG do ABCD paulista mantém HMU e Pimentas/Bonsucesso de portas fechadas

Hospitais municipais de Guarulhos (SP) estão atendendo apenas casos graves e ou de urgência e emergência desde a última quinta-feira (05)

10.dez.2024 às 10h46

Antônio Boaventura
@antonio.boaventura

Desde a sua revitalização em meados de 2017, começo da gestão do prefeito Gustavo Costa (PSD), o lema estampado nas paredes do Hospital Municipal de Urgências (HMU) é o de uma “Nova Emergência Humanizada”. Contudo, o mesmo está com suas portas fechadas à população desde a última quinta-feira (05) por falta de pagamento dos atendimentos excedentes a ONG Santa Casa de Misericórdia, que tem sua sede na cidade de São Bernardo do Campo (SP), ABCD paulista.

Será que o HMU pertence mesmo ao povo de Guarulhos (SP)?

Será que o HMU pertence mesmo ao povo de Guarulhos (SP)? — Crédito: Michel Wakin

A respectiva organização não governamental assumiu a gestão do HMU em junho de 2022 com contrato válido por 2 anos. O valor da prestação por este período era de R$ 162 milhões. De acordo com a gestora, o acordo firmado com a gestão Costa prevê 7 mil atendimentos por mês, porém, este subiu para 16 mil, o que gerou um déficit de R$ 42 milhões.

E como desgraça pouca é bobagem, a unidade de terapia intensiva, que deveria tratar paciente com casos graves, está interditada por questões sanitárias. E o ar-condicionado do local não está funcionando há pelo menos 1 ano.

Infelizmente este é o cenário. É lastimável o cenário da nossa UTI. Uma UTI desse porte teve que remanejar os pacientes para um local nada adequado. Nós estamos trabalhando com o coração na mão e morrendo de medo por aquilo que possa vir acontecer nos próximos dias, disse um funcionário do HMU, que por questões de segurança optou por não se identificar.

No Hospital Municipal Pimentas/Bonsucesso (HMPB) a situação não é muito diferente daquela encontrada no HMU. A Santa Casa assumiu a gestão daquela unidade de saúde em dezembro de 2021, de maneira emergencial, pelo período de 6 meses com contrato no valor de R$ 48 milhões.

O acordo para a administração do HMPB prevê 8 mil pacientes por mês, mas, estão sendo atendidos 19 mil. Em novembro foram 21 mil atendimentos realizados. Esse excedente gerou uma quantia aproximada de R$ 50 milhões.

Falaram que estão atendendo somente urgência e que eu deveria procurar outros hospitais em São Paulo (SP) por que Guarulhos (SP) não estão atendendo, disse Eduarda Luciano, auxiliar de produção.

Em virtude deste descompasso nas contas, a ONG publicou na última sexta-feira (06) uma nota afirmando que após inúmeras tentativas de diálogo com a gestão municipal decidiram restringir os atendimentos à população, limitados aos atendimentos de emergência e urgência até que os valores sejam quitados.

Só entram casos de emergência e grave mesmo. Se estiver com febre ou qualquer outra coisa é melhor voltar para casa, revelou Karen Souza, controladora de acesso do Hospital Pimentas/Bonsucesso.

Já a Prefeitura de Guarulhos (SP) publicou na última quinta-feira (04) um ofício em que revela ter analisado o valor cobrado pela ONG e reconhece o déficit contratual referente a despesas com o HMU, no valor de R$ 22.228.684,61.

Para o SPTV 2, jornalístico da TV Globo, a Prefeitura disse que está negociando este pagamento adicional do contrato e que está atuando com capacidade máxima como ocorre em outros hospitais da região metropolitana, e que de 30% a 40% dos pacientes que procuram os hospitais da cidade são moradores de outros municípios do Alto Tietê.