Eduardo Vela
Reflexões de Eduardo Vela sobre esporte, superação e transformação social
com a vivência de quem respira o esporte há mais de quatro décadas
Bebidas adulteradas, juventudes diluídas — o esporte como antídoto
Quando jovens buscam sentido na vida, encontram no esporte aquilo que o álcool jamais poderá oferecer: compromisso, pertencimento e propósito. Em um momento onde bebidas adulteradas tiram vidas, quadras, pistas e campos podem salva-las
Nas últimas semanas, o país tem acompanhado com preocupação uma série de casos de intoxicação causada por bebidas falsificadas contaminadas com Metanol. Além das vidas perdidas, o que mais assusta é perceber o quanto o consumo de álcool, muitas vezes, é tratado como sinônimo de lazer, pertencimento e até de fuga.

— Imagem: reprodução Eduardo Vela
Essa tragédia, que poderia ser evitada, expõe uma ferida antiga antiga no Brasil, que é sobre a falsificação, mas também sobre a ausência de caminhos saudáveis e acessíveis para que jovens encontrem propósito e prazer em viver. E é justamente aí que o esporte se mostra uma das mais poderosas ferramentas de transformação.
Quando um jovem tem um treino, um jogo ou uma corrida marcada no sábado, dificilmente vai se colocar em risco na sexta-feira. O esporte cria compromissos, fortalece valores e ensina algo que nenhuma garrafa pode oferecer: disciplina, superação e sentido.
O álcool, muitas vezes, aparece como um meio de fuga — de problemas familiares, pressões sociais, falta de oportunidades ou mesmo de solidão. Já o esporte oferece o caminho inverso: ele aproxima, acolhe e dá identidade. Dentro de uma quadra, de uma pista ou de um campo, o jovem entende que pode fazer parte de algo maior.
Por isso, é urgente valorizar políticas públicas que ampliem o acesso ao esporte e incentivar que espaços particulares também cumpram esse papel social. Não se trata apenas de formar atletas, mas de formar cidadãos saudáveis, conscientes e conectados com a própria vida.
Enquanto o álcool destrói histórias, o esporte escreve novos começos.
E é por isso que, mais do que nunca, precisamos falar sobre ele — como ferramenta, como refúgio e, principalmente, como esperança.