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Eduardo Vela

Reflexões de Eduardo Vela sobre esporte, superação e transformação social

com a vivência de quem respira o esporte há mais de quatro décadas

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Descrição de chapéu Romaria

CORPO EM ORAÇÃO - Romaria à Aparecida do Norte

Todo 12 de outubro, o Brasil se move em fé. Os romeiros rumo a Aparecida do Norte mostram que o corpo também reza: sente, suporta e segue. Cada passo é oração, cada dor é entrega. Cuidar do corpo, afinal, é um ato de devoção.

11.out.2025 às 11h25

Todo dia 12 de outubro, o Brasil se move. Milhares de pessoas deixam suas casas e seguem rumo a Aparecida do Norte, carregando promessas, gratidão e esperança. São os romeiros de Nossa Senhora Aparecida, que atravessam estradas, pontes e madrugadas em uma das mais belas expressões de fé popular do mundo.

CORPO EM ORAÇÃO - Romaria à Aparecida do Norte

CORPO EM ORAÇÃO - Romaria à Aparecida do Norte — Imagem: reprodução Eduardo Vela

A caminhada, mais do que física, é simbólica, cada passo representa uma entrega, um pedido, uma conversa silenciosa com o divino e por trás desse gesto há uma tradição antiga — a crença de que o sacrifício corporal é uma ponte entre o humano e o sagrado desde as primeiras civilizações, o homem tenta se aproximar de Deus através do corpo.Nos povos antigos, o jejum, a abstinência, as longas peregrinações e até a dor física eram vistos como formas de purificação — maneiras de “limpar” a alma e mostrar, não só com palavras, mas com esforço e resistência, o tamanho da fé. Na Idade Média, as peregrinações para lugares santos — como Jerusalém, Santiago de Compostela e Roma — tornaram-se rituais de transformação espiritual.

No Brasil, essa tradição ganhou novas cores, sons e rostos, encontrando em Aparecida o seu destino mais popular e emocionante. Mas talvez o mais bonito disso tudo seja perceber que não há fé sem corpo, e não há corpo sem alma.

O físico é o instrumento — mas o verdadeiro milagre acontece dentro.

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Porque caminhar até Aparecida não é apenas vencer quilômetros, é vencer a si mesmo: o cansaço, o medo, a dúvida.

É reconhecer que o limite do corpo pode ser o início de uma nova conexão com algo maior. Muitos caminham por uma cura, outros por agradecimento, outros apenas por amor, mas todos, de alguma forma, voltam diferentes, talvez mais leves, talvez mais fortes, Certamente mais próximos de entender que o esforço físico só faz sentido quando está a serviço de algo espiritual — quando o suor e a dor se transformam em oração.

Quando observamos quem caminha rumo a Aparecida, vemos mais do que peregrinos, vemos corpos em oração, pessoas quese colocam em movimento para buscar o sagrado e talvez aí esteja um dos grandes segredos da vida moderna:perceber que a atividade física e o esporte também podem ser caminhos espirituais.

Cuidar do corpo não é vaidade — é respeito.

É reconhecer que ele é um templo onde habitam a mente e a alma. Ao treinar, ao correr, ao praticar esportes, exercitamos não apenas músculos, mas também valores humanos: disciplina, superação, fé e entrega. Cada gota de suor pode ser uma prece silenciosa. Cada respiração, um lembrete de que viver é um milagre.

Hoje vemos uma corrente crescente de pessoas que tratam o corpo como um patrimônio sagrado — não apenas físico ou estético, mas espiritual é o corpo como instrumento de conexão, como meio de equilíbrio e como ponte entre o terreno e o divino.

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Cuidar do corpo para descansar a mente.

Cuidar do corpo para libertar a alma.

Cuidar do corpo para honrar o milagre da vida.

Talvez essa seja a nova espiritualidade dos tempos modernos, que entende que o sagrado não está distante, mas dentro de nós —

no treino ao amanhecer, na respiração consciente, na corrida solitária, no momento em que o corpo e o espírito se encontram em harmonia.

Que neste mês de fé, inspirados pelos romeiros e pela tradição católica, possamos também renovar nossa própria peregrinação interior, porque todo dia pode ser uma caminhada sagrada,, desde que o corpo esteja em movimento e a alma desperta.

No fim, essa é a grande lição que a peregrinação ensina:

que o corpo pode cansar, mas a fé, quando verdadeira, sempre chega.

E chega de joelhos, de pés descalços ou de coração aberto — porque o caminho para o divino passa, antes de tudo, por dentro de nós.

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