Sérgio Santiago, de físico a ator.
O Conexão Guarulhos troca uma idéia com Sérgio Santiago e descobre como tudo começou suas paixões e seu futuro, acompanhe
O início de tudo:
Sérgio, conta que sua carreira artística iniciou quando ele estava terminando o curso de bacharel em física, estava um pouco perdido na época e decidiu que talvez seria bom se dedicar à literatura e nesse período foi assistir uma peça teatral no colégio Conselheiro Crispiniano, “Orfeu da Conceição”.
Aquilo me mudou demais comigo, eu conhecia pouco teatro, Sérgio Santiago

— Foto: arquivo pessoal
“Continuei em contato com aquelas pessoas, Ana Maria Quintal, Boarneges Ferreira, Jamil Dias Pereira, Marisa Quintal e outros”. Sérgio Santiago, nos conta que em seguida participou de discussões sobre a peça e também da próxima montagem, Sérgio se achava deslocado, não tinha condições para fazer teatro não era sua cara mas persistiu seus estudos pois o teatro tinha o tomado de tal maneira que precisava fazer aquilo.
O primeiro espetáculo que participou, “O Espetáculo Continua”, aconteceu na Biblioteca Municipal Monteiro Lobato, trabalho que segundo ele foi bem juvenil, o tema que tratava a peça era sobre a necessidade da mudança do mundo, eles queriam falar sobre os absurdos, tudo isso bem no auge da ditadura militar. Nesse período, o grupo teve contato com o pessoal do teatro da Arena Núcleo II, já que o Núcleo I do Arena, segundo ele, lembra que quase todos estavam presos. Ele inicia sua carreira artística no meio de um momento difícil para arte, com um olhar e um posicionamento bem político, é quando conhece Celso Frateschi, Denise Del Vecchio, Alzira, e acaba tendo contato com o Teatro de Brecht, um novo mundo ia se desdobrando na frente de seus olhos.
Dos seus projetos, qual você mais gosta?
São cinquenta anos de Arlequins, para Sérgio o projeto que mais se realizou foi “Os filhos da Dita”, a geração de Sérgio se opunha avidamente no período da ditadura civil militar de 64, ele diz que eles são os que sobrou, o resultado depois da primeira ditadura militar em 1964. A montagem aconteceu no ano de 2010, nesta época muitas pessoas falavam que ditadura era coisa do passado e Sérgio relembra que logo veio a queda da Dilma e o processo de quase final da democracia que passamos recentemente, como um segundo golpe em 2016. Sérgio ainda reflete o quanto a democracia é algo sensível e frágil. O elenco da montagem tinha as atrizes, Ana Maria Quintal e Camila Scudeler, nesse processo as duas estavam muito entrosadas para Sérgio, como diretor aconteceu uma comunhão entre as atrizes e também as necessidades do projeto era só as duas em cena, vivenciaram uma grande temporada circulando em escolas, teatros e ocupações.
Para Sérgio, foi um grande espetáculo, enquanto Arlequins queriam atingir com esse trabalho algo mais radical sobre os temas que eles estavam discutindo, a raiz desses temas. Nos trabalhos anteriores como o “Para não dizer que não falei das flores” já trazia temas como opressão, mas que em seguida foram aprofundados em “Os filhos da Dita”, que olhava para o início do problema e dando continuidade e aprofundando mais as questões de poder veio o trabalho “O Capital”, baseado no livro de Karl Marx.

— Foto: divulgação
Tem algum sonho que você não realizou artisticamente?
Sérgio lembra a recente perda de Ana Maria Quintal, que partiu nesse mês de outubro de 2025, que fará falta como atriz, dramaturga que foi sua parceira de cena nos últimos cinquenta anos do Arlequins. Para o diretor ainda existem muitas coisas ainda para realizar, ele quer transformar seu trabalho em um processo cada vez mais horizontal atingindo mais pessoas. Para Sérgio o teatro além de seguir a linha bom e divertido ele tem seu papel social de conscientizar as pessoas.
Ao longo deste período de teatro de grupo tiveram projetos que não foram feitos como: “Moisés e o monoteísmo” ou o “Aquenaton de Freud”, textos que estão escritos mas que talvez já passou o tempo de serem lançados porém Sérgio,espera que seus projetos tenham continuidade mas sabe que o grupo está se adaptando após a morte de Ana Maria.

— Foto: divulgação
O que podemos esperar do Arlequins para o próximo ano?
O grupo Arlequins espera continuar levando para seu público o teatro Fórum, método desenvolvido por Augusto Boal. O método consiste em apresentar um tema para o público e discutir em cena o tema entre participantes e atores, ampliando assim o direito de fazer teatro para todos.
O grupo já teve uma primeira experiência com esse método, aprendeu muitas coisas nessa pesquisa e sabe como seguir deste ponto.
Sérgio, sente que precisa ser superada essa censura que existe na cabeça das pessoas de subir ao palco como uma pessoa especial.
Colocar o teatro fórum no palco de maneira efetiva é o desejo para o próximo ano, garantindo o direito de expressão para todas as pessoas, trabalhando o teatro forum em São Paulo e Guarulhos, sempre trazendo temas emergentes das sociedade.
Você gostou de conhecer o Sérgio Santiago acompanhei suas redes sociais.
Grupo Arlequins do Teatro (@arlequinsdoteatro)
Clip de Os Filhos da Dita — Youtube: Arlequins Grupo de Teatro
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